APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO
A Quinta da Avó era realmente a quinta da minha avó. Hoje, continua a ser a Quinta da Avó, porque sou a sua proprietária e também sou avó.
A Quinta da Avó foi herança dos meus avós à minha tia e madrinha que vivia na Figueira da Foz. Como ela nunca se habituou à Quinta deixou degradar tudo e acabou por vendê-la. Quando soube que a Quinta da Avó ia ser vendida, fiz a minha proposta e acabei por comprá-la.
Quando comprei
a quinta em Junho de 2002, toda ela, inclusivamente a casa de habitação, eram
silvas. Era um silvado compacto e o pinhal já tinha invadido a zona de cultivo.
Algumas telhas da casa estavam partidas e consequentemente, tetos e soalhos
estavam podres. A casa estava completamente em ruínas. Comecei a limpar pouco a pouco, até a Quinta
ter alguma apresentação. Deu muito trabalho.
No espaço da quinta existe a casa de habitação, a casa da lenha, o palheiro, o poço, as poças da baganha, os tanques da madeira, os jardins, as culturas, a vinha, o pinhal, e o carvalhal.Cheia de curiosidades que nos fazem transportar ao tempo em que não havia água canalizada, nem eletricidade.
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A vinha, nas traseiras da Casa de Habitação. As videiras são plantas de folha caduca. |
Vivi na Quinta com a Avó pelo menos 5 anos consecutivos - desde a 1.ª classe (hoje 1.º ano de escolaridade) até ao 2.º ano do Ciclo Preparatório (hoje 6.º ano de escolaridade).
Foi aqui que nasci. Nesta altura os meus pais viviam em Paçô Vieira - Guimarães, onde vivi até aos 4 anos de idade, antes de, por interesses profissionais, nos mudarmos para Portela de Santa Eulália - Ribeira de Pena. Foi com 6 anos de idade que vim viver para a Quinta da Avó, quando os meus pais me entregaram aos meus avós, para aqui frequentar a escola Primária.
A Quinta da Avó ainda hoje é uma quinta com muita vida mas nada que se pareça com o tempo em que eu era a neta da minha avó (e avô), juntamente com os meus irmãos e primos. Era um tempo completamente diferente, com vivências bem diferentes das de hoje mas encantadoras.
Não caberia na cabeça de ninguém, dar hoje às crianças a liberdade que nós tínhamos nesse tempo, sob pena de serem acusados de negligência.
As brincadeiras eram completamente diferentes das de hoje. Não havia tanto brinquedo e os que havia não eram tão sofisticados. Não havia computadores e nesse tempo nem sequer havia eletricidade, água canalizada ou rede de esgotos. Normalmente brincávamos à apanhada, à barra, à mamã dá licença, ao mata com bola de trapos, ao prego, ao pião, à macaca, ao eixo, saltávamos à corda - individualmente ou em grupo, os rapazes ao futebol, havia alguns carros de madeira para os rapazes e as raparigas normalmente tinham uma boneca, a maioria de trapos feitas pelas mães, assim como os vestidos. Eu tive uma boneca muito linda que a minha madrinha um dia me deu - descobri que era de pasta de papel quando lhe lavei a cara suja e desapareceu a tinta da cara e ficou toda estragada. Fartei-me de chorar a minha perda. Mais tarde apareceram as de plástico mais resistentes. Fazíamos danças de roda, marchas, folclore e cantávamos. https://quintadavo.blogspot.com/2018/06/geracoes-diferentes.html
Não havendo eletricidade não havia frigoríficos, televisão e na maioria das casas nem rádio havia. Eu ainda estudei à luz do candeeiro de petróleo, velas e candeias de azeite. A maioria das casas não tinha fogão a gás. As refeições eram cozinhadas ao lume quer fosse na lareira ou em fogão a lenha. Não havendo água canalizada tinha de se ir buscar a água aos poços, minas e fontes. Poupávamos mais a água porque custava muito ir buscá-la em cântaros, à cabeça.
O poço onde íamos à água era de família, não tendo nós de ir muito longe para a ir buscar e ainda existe. No entanto, a água para beber normalmente ia-se buscar à fonte.
Apesar de não haver os brinquedos de hoje, éramos crianças felizes e vivíamos com muito pouco.
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Sobreiro |
Ao longo do ano e conforme as estações, o pinhal fica muito lindo com verdadeiros tapetes de flores espontâneas caraterísticas, mas quando chega a Primavera é um misto de flores brancas do engorda gado, flores amarelas das carquejas, flores azuis das sete sangrias entre outras em menor quantidade mas não menos bonitas. Em Maio também uma explosão de flores de Maias ou giestas.
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Pinhas |
Ao longo do ano costumo cuidar do pinhal, pois é de lá que no Verão vêm a caruma e as pinhas para acender o lume no Inverno.
Também é de lá que vem material para fazer a compostagem a aplicar na área de
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Monte de compostagem no pinhal |
O meu pinhal é, sem dúvida, uma extensão do meu jardim, onde eu gosto de passar bons momentos...
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